"27ª Wave-Gotik-Treffen"
18, 19, 20 e 21/05/2018 - Liepzig - Alemanha
Apresenta: "O Carnaval Gótico"

Por Luiz Soncini | Fotos: Luiz & Luciana Soncini
(publicada em 16, jul, 2018 | 19h31)

Assim como boa parte dos brasileiros esperam o Carnaval, os europeus (principalmente os alemães) amantes do estilo Gótico e suas vertentes aguardam ávidos pelo maior e mais famoso evento Mundial dentro do estilo. Se no Brasil o ano só “começa” após o Carnaval, no velho continente os festivais alternativos/góticos começam após o Wave Gotik Treffen. A 27ª edição aconteceu mais uma vez na entrada da primavera e no feriado prolongado de Pentecostes, entre os dias 18 e 21 de Maio.

A manter sempre o espírito de irmandade, reunião e celebração da Cena Alternativa, a organização e a cidade do leste germânico recebe mais de 20.000 pessoas e distribui mais de 200 bandas e outras tantas mostras e eventos culturais relacionados por cerca de 50 lugares esparramados por Leipzig.

Após 7 anos de ausência, retornamos ao WGT pela sexta vez e podemos garantir o quanto é prazeroso e emocionante participar deste Festival. É claro que nesse interregno houve muitas alterações, mas a saudosa essência dos anos anteriores desfrutados estava toda lá.

O simbolismo que tenho usado nesta matéria despontou em minha mente quando esperava o Tram (metrô de superfície que é gratuito durante o festival) para nos deslocar para nossa primeira paragem. Como é habitual, as ruas estavam repletas de pessoas vestidas, montadas ou mesmo fantasiadas para as festividades, a se divertir (sim, sem aquele falso estereotipo de tristeza ou depressão gótica) e a aproveitar cada pequeno detalhe ou minuto daqueles dias.

Relembramos também o quanto é difícil decidir para qual ponto da cidade ir e quais concertos assistir em detrimento de tantos outros, pois esse é indubitavelmente o maior pesar do WGT, um festival de tamanha dimensão onde diversas bandas se apresentam ao mesmo momento em pontos por vezes extremos da urbe. Dito isso, infelizmente não foi possível estar nos concertos dos All Gone Dead, Arcana, Argine, Ataraxia, De/Vision, E-Craft, Elegant Machinery, Front Line Assembly, Illuminate, Merciful Nuns, Oomph!, Qntal, Rome, Rosa Crvx, Solitary Experiments, The Beauty of Gemina, The Jesus and Mary Chain, Trisomie 21, Vomito Negro, Zeraphine, entre muitos mais...

O nosso critério baseou-se nos nossos gostos pessoais e experiências anteriores e assim tentamos escolher um palco onde estariam a maior quantidade de bandas imperdíveis e evitamos realizar mais do que uma deslocação no mesmo dia.

É de citar que para além da participação da notável compositora e instrumentista brasileira Verena Marisa, tive novamente a satisfação e a honra de representar o Brasil/Portugal e participar no 3º dia do evento como DJ no emblemático clube “Moritzbastei”, que outrora fez parte das fortificações de Leipzig. Os preparativos para o set e a chegada antecipada ao local impossibilitaram-nos assistir aos concertos desse dia, com excepção da agradável apresentação dos ZOON POLITICON que decorreu no mesmo clube e uma hora antes do início do meu DJ set, que terminou às 6hs do dia 21.


Passamos então a reportar sucintamente os 15 shows que presenciamos e podemos garantir que nenhum deles nos decepcionou:

No 1º dia, após as formalidades do credenciamento de imprensa e da colocação das pulseiras, deslocamos para um dos novos locais, o “Westbad”, que nos pareceu um pouco acanhado para a grandeza do evento. Ao chegar estava a começar a interativa apresentação dos londrinos SULPHER com seu estilo alternativo industrial e com sonoridades à Nine Inch Nails; seguiu-se a apresentação de um dos projectos do genial Dirk Ivens, o DIVE, que consegue, apesar de solitário, preencher um palco com maiores dimensões com suas sequências fortes e estroboscópicas; na sequência os alemães S.I.T.D. com seu vibrante electro industrial a comtemplar temas desde o começo da carreira até o actual álbum “Trauma: Ritual”. Ao final deslocamo-nos a outro recinto estreante para nós, o “Stadtbad”, para acompanhar a apresentação dos napolitanos ASH CODE, um dos nomes dominantes da cena Dark Wave nos últimos anos; o que facilmente se fez notar com a grande fila formada para a entrada no local, visto este já estar lotado.

No 2º dia, partimos em direcção ao coração e maior palco do festival, o “Agra”, onde presenciamos o belo rock industrial dos noruegueses ZEROMANCER. Então seguimos em direcção a um terceiro palco desconhecido por nós, o “Felsenkeller”, onde assistimos os austríacos RANDOLPH´S GRIN com sua Dark Wave com pitadas sintéticas e vocais à Ladytron; na sequência, a bela e simpática alemã MONICA JEFFRIES que proporcionou um concerto contagiante, vibrante e carismático, o qual até fez esquecer o significante atraso para o começo da apresentação. Uma das bandas que mais esperávamos rever foram os DIORAMA que entraram em seguida com seu estilo impecável e único, os germânicos fizeram o melhor concerto que assistimos nessa edição. Para fechar a noite os míticos e históricos belgas SIGLO XX que se reuniram para encher o palco com sua Cold-Wave brilhante influenciada pelos Joy Division.

Saltamos para o 4º e último dia de festival onde retornamos ao Agra para umas compras em seu imenso pavilhão, sacar mais algumas fotos das pessoas, que indubitavelmente é um espectáculo a parte do evento, e assistir os nossos últimos concertos. Faço aqui uma pausa para dizer que entre o 1º e o 2º show do dia neste palco, fomos a “Heidnisches Dorf”, ampla feira medieval onde se pode vivenciar e saborear muita coisa daquela época e claro assistir a projectos que incutem estas influências, como foi o caso do Medieval Industrial dos HEIMATAERDE, apresentação que também será inesquecível. Terminado este hiato, no Agra, assistimos ao, curioso, bem-humorado e intrigante E.B.M. dos RUMMELSNUFF, vimos o terço final dos germânicos FADERHEAD, seguiu-se o poderoso Electro, com um caris mais rock industrial, dos holandeses GRENDEL e para finalizar, os americanos GOD MODULE que mostraram-se grandes (em todos os sentidos), apesar de por vezes sentirmos falta dos outros 2 elementos que deixaram a banda e traziam mais energia e dinâmica no palco e um contraste marcante nos vocais.

Para todos os 4 dias do WGT 2018 os bilhetes ficavam por € 120, com acréscimo de € 25 no caso de utilização da zona de campismo; valores que parecem justos pela tamanha extensão do evento. Desta forma, dentre os inúmeros festivais nessas vertentes, o WGT é uma aposta garantida para aqueles fãs ou apreciadores dos estilos góticos que pretendam se programar para desfrutar a experiência desta atmosfera “carnavalesca”, porém com tonalidades mais obscuras.

A 28ª edição já tem data marcada, de 7 a 10 de Junho de 2019… Organize-se desde já;)

- Websites:
www.wave-gotik-treffen.de/english
www.wave-gotik-treffen.de/english/photogallery.php
www.facebook.com/WaveGotikTreffen

- App:
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