Por Ricardo Yasuda / Fotos: Edi Fortini
(publicada em 18, jul, 2016 | 6h50)

Os Beatles fizeram um show no Teatro Bradesco no último sábado, 16 de julho. Achou estranho? Quem esteve presente garante que viu um show dos Fab Four. A banda-tributo “Beatles Abbey Road”, formada por Ricardo Junior (Paul McCartney), Maury D’Ambrosio (George Harrison), Luis Fernando Gomes (John Lennon) e Carlos Picchi (Ringo Starr), já foi considerada na Inglaterra a melhor banda Beatles do mundo, e o próprio George Martin, famoso produtor da banda, afirmou: "Não é cover, é Beatles!".

As semelhanças começam nas roupas usadas, idênticas às que eles usavam na época, passam pelos instrumentos, que são originais e iguais aos deles, e vão até os trejeitos, sotaques, e claro, a proficiência musical no palco.

O show se divide em 4 partes, ou 'fases’: o começo da carreira, no Cavern Club e no Ed Sullivan Show, a fase psicodélica, baseada no álbum Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, a fase do White Album, e a fase final da banda, com os álbuns Let It Be e Abbey Road.

A apresentação começa com a introdução de Ed Sullivan no telão, na primeira aparição que o quarteto fez nos Estados Unidos, com “She Loves You”. Enquanto a banda brasileira se apresentava ao vivo, o telão mostrava a apresentação original dos Beatles na TV. A sincronização foi perfeita em todos os detalhes. Eles usavam os mesmos terninhos, os mesmos equipamentos e até a altura do instrumento no corpo era a mesma.

Esta fase do começo da carreira, a mais longa do espetáculo, durou 15 músicas, passando por “I Want to Hold Your Hand”, “Help!”, “In My Life”, e culminando com “Twist and Shout”, com o público de pé, e dançarinas vestidas com roupas dos anos 50 nos corredores.

Depois, Paul McCartney, interpretado por Ricardo Jr., tocou sozinho “Yesterday”, enquanto o palco era preparado para a próxima fase.

Tempo para um intervalo curto, onde foi passado um vídeo onde Luiz Thunderbird apresentou os instrumentos e figurinos da banda, que são um capítulo à parte. Para poderem recriar o timbre original, nada melhor que usar os mesmos instrumentos, não? Foi o que eles fizeram: as guitarras Gretch, Rickenbacker, Epiphone, Fender e Gibson, assim como os baixos Höfner, Fender e Rickenbacker, os violões Martin, Gibson e Epiphone e a bateria Ludwig, nos mesmos modelos que os Beatles usaram, e com os mesmos detalhes, fazem parte do espetáculo. Isso tudo além dos amplificadores Vox, também originais. Vejam as fotos da galeria para comprovar.

A segunda fase começa com “Hello Goodbye”, mais uma vez sincronizada com o telão passando o clipe da música. As roupas são as mesmas da capa de Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, e até os bigodes (de Ringo e George) são iguais. Eles continuaram com “Sgt. Pepper’s”, “With a Little Help From My Friends” e “Lucy in the Sky with Diamonds”, “All You Need Is Love”, entre outras, até o clímax com “A Day In The Life”. Seguiu-se mais um intervalo, e a segunda parte do documentário com Thunderbird.

A terceira fase contava com roupas mais ‘normais’, mas novamente idênticas a um clipe que os Beatles fizeram de “Revolution”. Esta fase, personificada pelo álbum The Beatles, o White Album, contava inclusive com uma encenação das ‘brigas’ que eles tinham em estúdio. Paul querendo tocar uma música (“Martha My Dear”), enquanto John queria outra (“Lady Madonna”, que aliás contou com a participação especial de Fabio Bizarria, no saxofone). Por várias vezes Yoko Ono foi citada (por muitos considerada a razão do fim da banda). Paul tocou sozinho “Blackbird”, e John, por sua vez, “Across the Universe”. Isso deu tempo para trocar mais uma vez o palco e o figurino para a última fase.

Esta é representada pela última apresentação dos ingleses ao vivo, no telhado do estúdio Abbey Road. Começando com “Let It Be” e “Don’t Let Me Down”, ainda pudemos conferir “Get Back”, “Come Together”, e “Here Comes the Sun”, antes de fechar apoteoticamente com “Hey Jude” (com uma engraçada introdução de Paul falando em Português com sotaque, igual o Paul ‘original’ faz nos shows aqui no Brasil), e a dobradinha “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (Reprise) / The End”.

Quando parecia que tinha acabado, afinal a banda havia tocado todas as fases, ainda teve tempo para um bis, com “Imagine” e “Live and Let Die”, das carreiras solo de John Lennon e Paul McCartney.

Com um show recheado de hits, fica difícil destacar somente alguns, afinal foram 38 músicas em 2 horas e meia de show. Por outro lado, um fã ferrenho dos Beatles pode ficar decepcionado por não poder ouvir músicas não tão famosas, como “And Your Bird Can Sing”, do Revolver, “Hey Bulldog”, do Yellow Submarine, “Happiness Is a Warm Gun”, do White Album, e “I Want You (She’s So Heavy)”, do Abbey Road, para citar uma de cada fase. Mas a emoção de ver e ouvir a banda do jeito que ela foi é indescritível e todo fã deveria prestigiar pelo menos uma vez.